quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sem Desculpas


Nesta terça-feira, 29, o PT de Jundiaí saiu às ruas para protestar contra os problemas no trânsito e transporte da cidade – congestionamentos excessivos, transporte coletivo inadequado, falta de investimentos bem feitos, entre outros. As consequências, os moradores e frequentadores de Jundiaí sentem no seu cotidiano. O objetivo da manifestação foi cobrar providências da Prefeitura e chamar a população ao debate sobre o tema.

Por parte do poder público municipal, que deveria buscar a solução para estas demandas, o que se ouve é um conjunto ensaiado de respostas onde atribui-se a ‘culpa’ pelos problemas à postura do governo federal em incentivar o crédito e facilitar a aquisição de veículos. Já abordei este tema em audiência pública na Câmara Municipal e em outro artigo, ainda assim é necessário explicitar os fundamentos de nossas críticas e a fragilidade dos argumentos do governo Miguel Haddad.

Que as pessoas compraram mais carros e tem acesso maior ao crédito é uma análise correta e, de fato, tais medidas foram fomentadas pelo governo federal. Acrescenta-se o aumento consistente da renda e da massa salarial do trabalhador brasileiro e do baixíssimo desemprego. O crédito (com baixa inadimplência, frisa-se) e o investimento, como temos atualmente no país, são elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico em qualquer economia de mercado. Nenhum país cresce de forma sustentável se não houver crédito disponível e, vale lembrar, o Brasil ainda está longe do patamar de países desenvolvidos. Não precisa ser um economista heterodoxo para reconhecer a importância destas medidas adotadas no país.

Sob esta lógica, creio que as colocações do governo Miguel Haddad devem ser entendidas como agradecimento ao governo federal, afinal esta expansão econômica do país permitiu, além do aumento da frota, o crescimento da arrecadação em nossa cidade, pois temos uma base produtiva industrial que foi fortemente favorecida pelo aumento do consumo de veículos e aumento do crédito, bem como o comércio de Jundiaí em seu conjunto foi beneficiário destas políticas. Assim, tais empresas empregaram, investiram e contrataram serviços na nossa cidade, como bem sabe a Secretaria Municipal de Finanças.

Mas, parece-me, o argumento da frota de carros foge intencionalmente às duas questões centrais do problema do trânsito em Jundiaí – a falta de planejamento urbano e a má qualidade do transporte coletivo.

Com um orçamento bilionário - como Jundiaí possui - é indefensável ao Prefeito não conseguir organizar a cidade. Não há projeto de médio e longo prazo no município, o desenvolvimento de Jundiaí está subordinado aos interesses dos empreendimentos imobiliários privados e aos negócios das construtoras. Miguel Haddad e seu grupo político (Benassi, Ary Fossen, Parimoschi, etc.) governam a cidade há quase trinta anos, com apenas uma interrupção. Não houve tempo para planejar, para pensar a cidade?

Será que o Prefeito imagina que o cidadão que melhora de vida, que pela primeira vez tem acesso ao crédito bancário, condições de adquirir bens duráveis, não pode fazê-lo? Estará errada a pessoa que compra seu carro, trabalha e paga suas contas em dia? Ou ele pensou que o Brasil continuaria na estagnação econômica dos anos 90?
Em Jundiaí não há incentivo para o motorista deixar o carro em casa e utilizar o ônibus para suas atividades cotidianas. Os ônibus frequentemente estão superlotados e demoram excessivamente devido às baldeações nos terminais. A experiência do transporte coletivo em Jundiaí é cada vez mais desconfortável para o cidadão e o sistema mostra-se ineficiente. Dinheiro existe, tanto no orçamento municipal quanto via governo federal para obras e melhorias. Vieram recursos federais do BNDES para a construção dos ineficazes terminais de ônibus do SITU e a cidade recebeu mais de R$ 116 milhões pelo PAC para melhorar a infra-estrutura urbana. Parte deste dinheiro foi utilizado para obras na Nove de Julho.

Portanto, o problema do trânsito e transporte de Jundiaí está nas escolhas políticas equivocadas da Prefeitura; que gasta mal os recursos que possui, não planeja a cidade adequadamente e mostra-se incapaz de organizar o crescimento urbano. Ao invés de ficar buscando culpados pela sua própria ineficiência, o governo Miguel Haddad deveria buscar soluções para os seus moradores.
Paulo Eduardo Malerba é cientista político e presidente do PT de Jundiaí.

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